sexta-feira, 20 de novembro de 2015

A MARSELHESA

 

 

Mais do que uma música de provocação e resistência, capaz de dar esperança a qualquer um que a escute e a interprete, La Marseillaise (A Marselhesa em português), é o hino nacional de França. Algumas canções identificam imediatamente o momento histórico que a produziram, desta forma é impossível dissociar A Marselhesa, da Revolução Francesa, revolução esta iniciada em 14 de julho de 1789 com a tomada ou queda da Bastilha (antiga fortificação medieval utilizada como prisão politica), que não derrubou só o rei, mas todo um sistema político, económico e social conhecido como Antigo Regime. Desta revolução resulta o início da Idade Contemporânea e da configuração de uma nova sociedade. Este hino foi composto em 1792, ano de intensas agitações, pelo oficial do exército francês e músico autodidacta Claude Joseph Rouget de Lisle (1760 – 1836), da divisão de Estrasburgo, como sendo uma canção revolucionária. O tema foi feito a pedido do maire (presidente da edilidade) de Estrasburgo, o barão Philippe-Frédéric de Dietrich (1748 – 1793), em 25 de abril de 1792, dias depois da declaração de guerra ao imperador da Áustria, quando este estava prestes a invadir a França, ameaçando reprimir a Revolução Francesa e restaurar a monarquia levando ao poder o rei Luís XVI. A canção deveria ser um estímulo para encorajar os soldados no combate de fronteira, na região do rio Reno. Consta que o seu autor Rouget de Lisle, a terá composto nos seus aposentos em pouco tempo sob efeito de embriaguez, provavelmente inspirado na melodia de alguma canção popular daquela época. Há quem afirme que provavelmente o seu autor se possa ter inspirado de algum modo, no primeiro andamento do Concerto n.º 25, em C major (K. 503) de Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791), datado de 1786, para realizar esta melodia, porque, na verdade, existem algumas ressonâncias. A canção apresentada foi aperfeiçoada e editada pelo compositor Gosece e pela esposa do barão Dietrich, tendo sido tocada quatro dias depois diante de oito batalhões da Guarda Nacional. O sucesso foi imediato. O título deste tema era originalmente Canto de Guerra para o Exército do Reno, tendo adquirido grande popularidade durante a Revolução Francesa, especialmente entre as unidades do exército de Marselha, ficando por isso conhecida como A Marselhesa.


     Representação da tomada da Bastilha em 14 de julho de 1789, por Jean-Pierre Louis Laurent Houël (col. priv.)
 


 Claude Joseph Rouget de Lisle 1760 - 1836 (col. priv.)



Rouget de Lisle compondo e interpretando o tema que dará
origem ao hino A Marselhesa (col. priv.) 
 


Rouget de Lisle em 1792 interpreta pela primeira vez em Estrasburgo junto a Dietrich o tema que
dará origem ao hino A Marselhesa por Isidore Pils, 1849 (col. Museu Histórico de Estrasburgo)
 


Partitura do tema original que deu origem ao hino A Marselhesa (col. priv.)

 
 

A canção obteve sucesso imediato e em pouco tempo, por intermédio de viajantes, chegou à Provença, no sudeste de França. Em 22 de junho de 1792 este tema é interpretado pelo general François Mireur na cerimónia de recepção dos federados de Montpellier, em Marselha, e publicada pela imprensa da cidade com o título de "Canto de guerra dos exércitos nas fronteiras". Desde então, passou a ser associada à cidade de Marselha mesmo não tendo nascido naquela cidade. Um mês depois, a canção chegava a Paris com os soldados federados marselheses, que a cantaram durante todo o percurso. Surgindo também a versão A Marcha dos Marselheses. No dia 4 de agosto de 1792, o jornal Chronique de Paris evocou o canto dos marselheses, e seis dias depois ele seria entoado durante a famosa tomada do Palácio das Tulherias. Em 20 de setembro de 1792, o exército revolucionário, comandado pelo general Charles François Dumouriez (1739 – 1823), venceu a Batalha de Valmy, travada contra a nobreza francesa e os seus aliados austríacos e prussianos, que tentavam derrubar o regime instaurado em 1789. Na ocasião, Joseph Marie Servan de Gerbey (1741 - 1808), ministro da Guerra da França, escreveu a Dumouriez: "O hino conhecido pelo nome de La Marseillaise é o Te Deum da República". Foi instituída pela Convenção como hino nacional da França em 1795. Embora muito discutida pelos eruditos do século XIX, a autoria da obra não foi questionada durante a Revolução. A própria Assembleia Nacional ofereceu dois violoncelos a Rouget de Lisle em recompensa pelos serviços prestados. Fosse qual fosse a paternidade real da canção mais conhecida de França. Napoleão Bonaparte (1769 – 1821), baniu A Marselhesa durante o império, assim como Luís XVIII (1755 – 1824), na segunda restauração, devido ao seu carácter revolucionário. A revolução de 1830 restabeleceu-lhe o status de hino nacional, sendo inclusive reorquestrada por Hector Berlioz (1803 – 1869), na década de 1830. Entretanto, Napoleão III (1808 – 1873), tornaria a banir a canção até que, em 1879, com a instauração da III República, a canção foi definitivamente confirmada como o hino nacional francês, acto esse reafirmado nas constituições de 1946 e 1958. Em 1881, o militante anticlerical Leo Taxil (1854 – 1907), escreveu uma música em defesa da laicidade e da democracia liberal na França. A música usava a melodia A Marselhesa, e, por conta disso, ficou conhecida como A Marselhesa Anticlerical.


                                             A Liberdade Guiando o Povo, pintura em comemoração à Revolução de Julho de 1830 
                                                                           por Eugène Delacroix (col. Museu do Louvre, Paris)
 


                                                                            Partitura com a marcha A Marcha dos Marselheses
                                                                               composta por Jean Joseph Rodolphe (col. priv.)



 Página do jornal Chronique de Paris de 1792 (arq. priv.)
                                   


    Tomada do palácio das Tulherias em 10 de agosto de 1792 onde seria entoado o canto dos marselheses (col. priv.)



                                                                          Cromo do séc. XIX alusivo à tomada das Tulherias
                                                                                       em 4 de agosto de 1792 (col. pess.)



Representação da Marselhesa ou Partida dos Voluntários de 1792
por François Rude escultura do Arco do Triunfo (arq. priv.)



 Capa da partitura A Marselhesa de meados do século XIX (col. priv.)
 
 


Mais tarde, em 1880, com base de novo em A Marselhesa, Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840 – 1893), escreveu uma peça orquestral a Abertura 1812, para comemorar a vitória russa sobre Napoleão, fazendo sobressair musicalmente os temas de música russa tradicional à melodia A Marselhesa com o intuito de mostrar precisamente essa vitória. A Marselhesa é de tal forma grandiosa do ponto de vista da melodia que foi usada por outros músicos ao longo dos tempos. De Wagner aos The Beatles, de Débussy a Serge Gainsbourg, passando pela mítica Edith Piaf, dezenas deles fizeram citações ao tema nas suas próprias composições. É uma canção que inspirou os franceses em vários momentos da história do seu país. Um general francês certa vez afirmou que: " o hino a Marselhesa, valia o mesmo que um batalhão de mil homens a mais". Tanto na Primeira quanto na Segunda Grande Guerras Mundiais, A Marselhesa foi tocada e cantada continuamente para tentar levantar a moral dos cidadãos. Mesmo tendo sido proibida pelo Regime de Vichy, foi um canto da resistência durante a II Guerra Mundial. A famosa cena do filme Casablanca, realizado por Michael Curtiz em 1942, mostra uma multidão de franceses cantando o hino até às lágrimas para tentar calar quem exaltava os soldados nazis, não havendo exagero algum em relação aos sentimentos e força que a música invoca, representando a luta contra as tiranias em qualquer parte do mundo. Aquando da estreia do filme Casablanca em Portugal, a 17 de maio de 1945, no Teatro Politeama em Lisboa, durante o regime do Estado Novo, os espectadores contrariando as regras em vigor levantaram-se e cantaram A Marselhesa como sinal de revolta e desejo de liberdade. Diversas obras cinematográficas produzidas ao longo do tempo têm relatado e perpetuado a história deste tema, A Marselhesa, como o famoso filme de Jean Renoir La Marseillaise de 1938.


Partitura e letra do hino A Marselhesa de 3 de setembro de 1904 (col. priv.)
 


                                                              Postal alusivo A Marselhesa na I Grande Guerra Mundial (col. pess.)



                                              Cartaz do filme La Marseillaise de Jean Renoir 1938 (col. priv.)



A cançonetista francesa Edit Piaf nos anos 40 (arq. priv.)
 
 

Cartaz do filme Casablanca realizado por Michael Curtiz em 1942 (col. pess.)
 

                                           
                                       Fotograma do filme Casablanca de 1942 durante a interpretação de A Marselhesa (arq. priv.)



                                                      Alusão ao hino A Marselhesa (col. pess.)




A Marselhesa no espaço de poucos dias, deixou de ser apenas o hino nacional francês, tendo-se tornado no principal símbolo de solidariedade mundial após os brutais ataques terroristas em Paris da passada sexta-feira 13 de novembro de 2015. Um dia em que de novo se fez história da forma mais terrível, brutal, cobarde, triste e sangrenta. Atentados estes que não promovem a paz no mundo, antes pelo contrário, promovem o ódio, o mal estar e a desconfiança entre os povos. No próprio dia do atentado, adeptos cantam A Marselhesa, durante a evacuação do Stade de France, onde decorria um jogo de futebol particular entre a Alemanha e a França, um dos locais onde ocorreram atentados terroristas. Durante estes últimos dias orquestras em todo o mundo dedicaram uma parte dos seus concertos à famosa melodia, A Marselhesa, e na noite de terça-feira passada, dia 17, dezenas de milhares de adeptos franceses e ingleses entoaram o hino A Marselhesa juntos, durante o amistoso jogo de futebol França x Inglaterra no estádio de Wembley, em Londres, numa homenagem às vítimas dos atentados em Paris, uma cena forte e comovente, algo que jamais a maioria dos britânicos imaginaria presenciar, assim como o minuto de silêncio que se seguiu. Este mais do que um jogo amistoso entre Inglaterra e França foi símbolo de solidariedade e união contra extremismos. Também no Parlamento europeu fez-se silêncio e se cantou em seguida A Marselhesa, em homenagem às vítimas dos atentados terroristas de Paris. Nenhuma outra canção nos últimos dias deve ter sido mais lembrada e executada do que A Marselhesa, o hino nacional francês e provavelmente um dos mais facilmente reconhecidos em todos os cantos do planeta. Uma canção que tal como a Revolução Francesa mudou o mundo, traz consigo o significado de "Igualdade, Liberdade e Fraternidade". É agora cantada em todo o mundo como um símbolo contra o terror dos extremistas.

 
     Adeptos saindo do State de France no dia 13 de novembro de 2015 cantando A Marselhesa (fonte agen. Reuters)



Bandeira francesa a meia haste em sinal de luto pelas vítimas dos atentados de Paris
(arq. priv.)



                                      Jogadores das equipas inglesa e francesa cantando A Marselhesa antes do jogo de futebol
                                                  do dia 17 de novembro de 2015 no estádio de Wembly, Londres (arq. priv.)

                                 

Adeptos junto ao estádio de Wembly em solidariedade pelas vítimas dos atentados de Paris de 13 de novembro (arq. priv.)




Em geral, somente a primeira e a sexta estrofes e o refrão de A Marselhesa são cantados actualmente em França. Existem algumas pequenas diferenças históricas entre várias versões da letra. A que se segue é a versão contida no sítio oficial da Presidência da República Francesa.



La Marseillaise                      A Marselhesa



Allons enfants de la Patrie,

Avante, filhos da Pátria,

Le jour de gloire est arrivé!

O dia da Glória chegou!

Contre nous de la tyrannie,

Contra nós a tirania,

L'étendard sanglant est levé, (bis)

O estandarte ensanguentado se ergueu.(bis)

Entendez-vous dans les campagnes

Ouvis nos campos

Mugir ces féroces soldats?

Rugir esses ferozes soldados?

Ils viennent jusque dans vos bras

Vêm eles até os vossos braços

Égorger vos fils, vos compagnes!

Degolar vossos filhos, vossas mulheres!

 


Aux armes, citoyens,

Às armas, cidadãos,

Formez vos bataillons,

Formai vossos batalhões,

Marchons, marchons!

Marchemos, marchemos!

Qu'un sang impur

Que um sangue impuro

Abreuve nos sillons!

Banhe o nosso solo!

 


Aux armes, citoyens,

Às armas, cidadãos,

Formez vos bataillons,

Formai vossos batalhões,

Marchez, marchez!

Marchai, marchai!

Qu'un sang impur

Que um sangue impuro

Abreuve nos sillons!

Banhe o nosso solo!

 


Que veut cette horde d'esclaves,

O que quer essa horda de escravos,

De traîtres, de rois conjurés?

De traidores, de reis conjurados?

Pour qui ces ignobles entraves,

Para quem (são) esses ignóbeis entraves,

Ces fers dès longtemps préparés? (bis)

Esses grilhões há muito tempo preparados? (bis)

Français, pour nous, ah! quel outrage

Franceses, para nós, ah! que ultraje

Quels transports il doit exciter!

Que comoção deve suscitar!

C'est nous qu'on ose méditer

É a nós que ousam considerar

De rendre à l'antique esclavage!

Fazer retornar à antiga escravidão!

 


Aux armes, citoyens,

Às armas, cidadãos,

Formez vos bataillons,

Formai vossos batalhões,

Marchons, marchons!

Marchemos, marchemos!

Qu'un sang impur

Que um sangue impuro

Abreuve nos sillons!

Banhe o nosso solo!

 


Aux armes, citoyens,

Às armas, cidadãos,

Formez vos bataillons,

Formai vossos batalhões,

Marchez, marchez!

Marchai, marchai!

Qu'un sang impur

Que um sangue impuro

Abreuve nos sillons!

Banhe o nosso solo!

 


Quoi! des cohortes étrangères

O quê! Tais multidões estrangeiras

Feraient la loi dans nos foyers!

Fariam a lei em nossos lares!

Quoi! ces phalanges mercenaires

O quê! Essas falanges mercenárias

Terrasseraient nos fiers guerriers! (bis)

Arrasariam os nossos nobres guerreiros! (bis)

Grand Dieu! par des mains enchaînées

Grande Deus! Por mãos acorrentadas

Nos fronts sous le joug se ploieraient

Nossas frontes sob o jugo se curvariam

De vils despotes deviendraient

E déspotas vis tornar-se-iam

Les maîtres de nos destinées!

Os mestres dos nossos destinos!

 


Aux armes, citoyens,

Às armas, cidadãos,

Formez vos bataillons,

Formai vossos batalhões,

Marchons, marchons!

Marchemos, marchemos!

Qu'un sang impur

Que um sangue impuro

Abreuve nos sillons!

Banhe o nosso solo!

 


Aux armes, citoyens,

Às armas, cidadãos,

Formez vos bataillons,

Formai vossos batalhões,

Marchez, marchez!

Marchai, marchai!

Qu'un sang impur

Que um sangue impuro

Abreuve nos sillons!

Banhe o nosso solo!

 


Tremblez, tyrans et vous perfides

Tremei, tiranos! e vós pérfidos,

L'opprobre de tous les partis,

O opróbrio de todos os partidos,

Tremblez! vos projets parricides

Tremei! vossos projetos parricidas

Vont enfin recevoir leurs prix ! (bis)

Vão finalmente receber seu preço! (bis)

Tout est soldat pour vous combattre,

Somos todos soldados para vos combater.

S'ils tombent, nos jeunes héros,

Se tombarem os nossos jovens heróis,

La terre en produit de nouveaux,

A terra novos produzirá,

Contre vous tout prêts à se battre !

Contra vós, todos prestes a lutarem!

 


Aux armes, citoyens,

Às armas, cidadãos,

Formez vos bataillons,

Formai vossos batalhões,

Marchons, marchons!

Marchemos, marchemos!

Qu'un sang impur

Que um sangue impuro

Abreuve nos sillons!

Banhe o nosso solo!

 


Aux armes, citoyens,

Às armas, cidadãos,

Formez vos bataillons,

Formai vossos batalhões,

Marchez, marchez!

Marchai, marchai!

Qu'un sang impur

Que um sangue impuro

Abreuve nos sillons!

Banhe o nosso solo!

 


Français, en guerriers magnanimes,

Franceses, guerreiros magnânimos,

Portez ou retenez vos coups!

Levai ou retende os vossos tiros!

Épargnez ces tristes victimes,

Poupai essas tristes vítimas,

À regret s'armant contre nous. (bis)

A contragosto armando-se contra nós. (bis)

Mais ces despotes sanguinaires,

Mas esses déspotas sanguinários,

Mais ces complices de Bouillé,

Mas esses cúmplices de Bouillé,

Tous ces tigres qui, sans pitié,

Todos os tigres que, sem piedade,

Déchirent le sein de leur mère !

Rasgam o seio de suas mães!

 


Aux armes, citoyens,

Às armas, cidadãos,

Formez vos bataillons,

Formai vossos batalhões,

Marchons, marchons!

Marchemos, marchemos!

Qu'un sang impur

Que um sangue impuro

Abreuve nos sillons!

Banhe o nosso solo!

 


Aux armes, citoyens,

Às armas, cidadãos,

Formez vos bataillons,

Formai vossos batalhões,

Marchez, marchez!

Marchai, marchai!

Qu'un sang impur

Que um sangue impuro

Abreuve nos sillons!

Banhe o nosso solo!

 


Amour sacré de la Patrie,

Amor Sagrado pela Pátria

Conduis, soutiens nos bras vengeurs

Conduz, sustém nossos braços vingativos.

Liberté, Liberté chérie,

Liberdade, liberdade querida,

Combats avec tes défenseurs ! (bis)

Combate com os teus defensores! (bis)

Sous nos drapeaux que la victoire

Debaixo as nossas bandeiras, que a vitória

Accoure à tes mâles accents,

Chegue logo às tuas vozes viris!

Que tes ennemis expirants

Que teus inimigos agonizantes

Voient ton triomphe et notre gloire !

Vejam teu triunfo e nossa glória.

 


Aux armes, citoyens,

Às armas, cidadãos,

Formez vos bataillons,

Formai vossos batalhões,

Marchons, marchons!

Marchemos, marchemos!

Qu'un sang impur

Que um sangue impuro

Abreuve nos sillons!

Banhe o nosso solo!

 


Aux armes, citoyens,

Às armas, cidadãos,

Formez vos bataillons,

Formai vossos batalhões,

Marchez, marchez!

Marchai, marchai!

Qu'un sang impur

Que um sangue impuro

Abreuve nos sillons!

Banhe o nosso solo!

 


(Couplet des enfants)

(Verso das crianças)

Nous entrerons dans la carrière,

Entraremos na carreira (militar),

Quand nos aînés n'y seront plus,

Quando nossos anciãos não mais lá estiverem.

Nous y trouverons leur poussière

Lá encontraremos as suas cinzas

Et la trace de leurs vertus (bis)

E o resquício das suas virtudes (bis)

Bien moins jaloux de leur survivre

Bem menos desejosos de lhes sobreviver

Que de partager leur cercueil,

Que de partilhar seus caixões,

Nous aurons le sublime orgueil

Teremos o sublime orgulho

De les venger ou de les suivre.

De vingá-los ou de segui-los.

 


Aux armes, citoyens,

Às armas, cidadãos,

Formez vos bataillons,

Formai vossos batalhões,

Marchons, marchons!

Marchemos, marchemos!

Qu'un sang impur

Que um sangue impuro

Abreuve nos sillons!

Banhe o nosso solo!

 


Aux armes, citoyens,

Às armas, cidadãos,

Formez vos bataillons,

Formai vossos batalhões,

Marchez, marchez!

Marchai, marchai!

Qu'un sang impur

Que um sangue impuro

Abreuve nos sillons!

Banhe o nosso solo!




 
 


A Marselhesa cantada por todos no estádio de Wembley, em Londres e o minuto de silêncio em solidariedade pelas vítimas de Paris, no dia 17 de novembro de 2015, um momento forte e comovente que ficará para a história.



 
 

Texto:
Paulo Nogueira




Fontes e bibliografia:
GAXOTTE, Pierre (membro da Academia Francesa), La Révolution Française, Librairie Arthème Fayard, Paris, 1957
A Marselhesa não nasceu em Marselha in História Viva, edição 82, agosto de 2010
Sítio oficial da Presidência da República Francesa


 

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