sábado, 28 de janeiro de 2017

EFEMÉRIDES do dia 28 de janeiro


Dia Internacional da Privacidade de Dados, Dia de Ano Novo chinês.

Santo do dia, São Tomás de Aquino (Roccasecca, Campânia, Itália, 1225 - Fossanova, Itália,7 de março de 1274). Tomás era filho da família feudal italiana dos condes de Aquino, possuía laços de sangue com as famílias reais da Itália, França, Sicília e Alemanha, estando ligada à casa de Aragão. Ingressou no mosteiro beneditino de Montecassino aos cinco anos de idade, dando início aos estudos que não pararia nunca mais. Depois, frequentou a Universidade de Nápoles, mas, quando decidiu entrar para a Ordem de São Domingos encontrou forte resistência da família. Os seus irmãos chegaram a trancá-lo num castelo por um ano, para tentar mantê-lo afastado dos conventos, mas a sua mãe acabou por libertá-lo e, finalmente, Tomás pôde se entregar à religião. Tinha então dezoito anos. Não sendo por acaso a sua escolha pela Ordem de São Domingos, que trabalha para unir Ciência e Fé em favor da Humanidade. Este sempre foi seu objectivo maior. Leccionou em grandes universidades de Paris, Roma, Bologna e Nápoles e jamais se afastou da humildade de frei, da disciplina que cobrava tanto de si mesmo quanto dos outros e da caridade para com os pobres e doentes. Considerado o mais importante proponente clássico da teologia natural e o pai do tomismo. Sábios e políticos tentaram muitas vezes homenageá-lo com títulos, honras e dignidades, mas Tomás sempre recusou. Escrevia e publicava obras importantíssimas, frutos de seus estudos solitários desfrutados na humildade da sua cela, aliás seu local preferido. Os seus escritos são um dos maiores monumentos de filosofia e teologia católica. Tomás D'Aquino morreu muito jovem, sem completar os quarenta e nove anos de idade, no mosteiro de Fossanova, a caminho do II Concílio de Lion. Das suas obras, a principal, mais estudada e conhecida, a "Summa Teológica", foram a causa de sua canonização, em 1323. No dia 28 de janeiro de 1567, o papa São Pio V, deu-lhe o título de "doutor da Igreja", e logo passou a ser chamado de "doutor angélico", pelos clérigos. Em toda a sua obra filosófica e teológica tem primazia à inteligência, estudo e oração; sendo ainda a base dos estudos na maioria dos Seminários. Para isso contou, mais tarde, com o impulso dado pelo incentivo do papa Leão XIII, que fez reflorescer os estudos tomistas. A sua festa litúrgica é celebrada no dia 28 de janeiro ou no dia 07 de março. Os seus restos mortais estão em Toulouse, na França, mas a relíquia do seu braço direito, com o qual escrevia, encontra-se em Roma.

 
 
 
 
 
 
Em Portugal
  
1641 - Realizam-se as primeiras Cortes Portuguesas, após a Restauração da Independência de 1640. Este acontecimento tem lugar 59 dias após a Restauração da Independência de Portugal, sendo D. João IV por herança Rei Legitimo de Portugal e aclamado como tal pela população.



1800 - Nasce António Feliciano de Castilho (Lisboa, 28 de janeiro de 1800 - 18 de junho de 1875). Virá a ser um escritor do período romântico português, polemista e pedagogista, foi inventor do designado "Método Castillo de leitura". Aos 6 anos de idade ficou cego em consequência de sarampo, o que o impediu durante toda a vida de escrever e ler, tendo de estudar ouvindo a leitura de textos e sendo obrigado a ditar toda a sua obra literária. António de Castilho em 1821, conclui o curso de Direito Canónico na Universidade de Coimbra. Datam dessa altura as suas primeiras aventuras literárias, expressas na fundação da Sociedade dos Poetas Amigos da Primavera e na publicação das primeiras obras "Cartas de Eco a Narciso" (1821) e "A Primavera" (1822). Terminado o curso, instalou-se em casa de um irmão padre em Castanheira do Vouga, ao pé da serra do Caramulo, dedicando-se à tradução de poetas latinos. Finalmente, em Lisboa, criou em 1835 a Sociedade dos Amigos das Letras. Em 1836, numa adesão temporária aos modelos românticos, publicou os poemas "A Noite do Castelo" e os "Ciúmes do Bardo", exemplos de um romantismo nocturno e medievalizante, que terão repercussão sobre o gosto dos nossos poetas. Em 1846, milita no Partido Cartista. Entre 1847 e 1850, depois de uma série de dissabores particulares e políticos, retira-se para Ponta Delgada, onde se dedica à defesa das que serão as suas grandes causas, a exaltação da actividade agrícola e a difusão da instrução primária. Regressado a Lisboa em 1850, iniciou a defesa do seu polémico "Método de Leitura Repentina", que o levará a promovê-lo pessoalmente no Brasil e a intervir contra os que o criticavam com folhetos, e três anos depois foi nomeado comissário da Instrução Primária. Para além da sua vasta obra literária participou ainda como colaborador em diversas publicações periódicas do seu tempo. No Brasil foi agraciado com Grã-Cruz ou Grande Dignitário da Imperial Ordem da Rosa. O título de visconde de Castilho foi-lhe concedido em duas vidas por decreto de 25 de maio de 1870.



1898 - Morre Roberto Ivens (São Pedro, Ponta Delgada, Açores, Portugal, 12 de julho de 1850 - Dafundo, Oeiras, Portugal, 28 de janeiro de 1898), aos 48 anos. Foi oficial da Armada Portuguesa, administrador colonial e explorador do continente africano português. Aos 20 anos Roberto Ivens concluiu o curso de Marinha em 1870, com as mais elevadas classificações. Frequentou depois em 1871 a Escola Prática de Artilharia Naval, partindo em setembro desse ano para a Índia, pelo Canal do Suez, integrado na guarnição da corveta “Estefânia”, onde é feito guarda-marinha. A partir de 1872 inicia contactos regulares com Angola e a 10 de outubro de 1874, completa os três anos de embarque nas colónias. Depois de viajar por diferentes países, Roberto Ivens foi nomeado, em 1877, para acompanhar Hermenegildo Capelo e Serpa Pinto numa expedição proposta pela Sociedade de Geografia de Lisboa. O objectivo desta expedição era explorar o continente africano, se possível efectuando a ligação entre a costa atlântica e a costa do Índico, para recolher informações de carácter geográfico que facilitassem o comércio e as comunicações. De regresso a Lisboa, Roberto Ivens foi alvo de grande homenagem pelo trabalho efectuado em África. Das suas viagens ficaram as obras com os relatos “De Benguela às Terras de Iaca” (1881) e “De Angola à Contracosta” (1886). Foi nomeado oficial às ordens da Casa Militar do rei D. Carlos. Em 1895 foi feito Oficial da Real Ordem Militar de São Bento de Avis e nomeado secretário da Comissão de Cartografia, cargo que manterá até ao ano seguinte. O topo da sua carreira na Marinha foi alcançado a 7 de dezembro de 1895, com a promoção a capitão-de-fragata.

1898 - Nasce Vasco António Rodrigues Sant'Ana mais conhecido como Vasco Santana (Lisboa, Benfica, Portugal, 28 de Janeiro de 1898 - Loures, Caneças, Portugal, 13 de Junho de 1958). Virá a ser um actor, considerado um dos maiores actores portugueses. Vasco Santana após ter abandonado o curso de belas-artes, dedica-se exclusivamente à carreira dramática. Entrou no teatro de forma acidental, substituindo um colega doente na peça "O Beijo" (1916). Gradualmente tornou-se uma figura popular devido à sua espontaneidade, humor acutilante e irreverente. Foi uma das grandes estrelas do teatro de revista durante os anos 30 e 40 e tentou dar novo ânimo à opereta, fazendo longas temporadas no Teatro São Luiz e viajando ao Brasil em digressões das companhias teatrais em que trabalhava. Enalteceu a comédia onde alcançou o estatuto de estrela de cinema, protagonizando filmes como "A Canção de Lisboa" (1933), em que contracena com Beatriz Costa e António Silva, "O Pai Tirano" (1941), em que faz dupla com Ribeirinho e no qual com a sua brilhante actuação protagoniza a acção e cria situações brilhantes e inigualáveis de um humor extremo. No filme "O Pátio das Cantigas" (1942), em que concebe alguns dos seus mais bem sucedidos trabalhos no cinema, como o monólogo com o candeeiro ou os diálogos com António Silva carregados e repletos de trocadilhos. Participou em inúmeras peças de teatro declamado, opereta, Revista à portuguesa, cinema, rádio, televisão e escreveu alguns argumentos adaptados ao teatro e cinema. Actor genial, ao nível dos maiores do mundo, marcou para sempre a comédia à portuguesa. De enorme sensibilidade, dotado de invulgares técnicas teatrais, transformou-se num mito do cinema nacional.


1908 - Prisão dos republicanos Afonso Costa, Egas Moniz, João Chagas e António José de Almeida e de Luz de Almeida, chefe da Carbonária.

1916 - Nasce Vergílio António Ferreira (Gouveia, Guarda, Portugal, 28 de janeiro de 1916 - Lisboa, Portugal, 1 de março de 1996). Virá a ser professor e escritor português. Em 1936 Vergílio Ferreira, deixa o seminário onde fez os seus estudos básicos e acaba o Curso Liceal no Liceu da Guarda. Entra para a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, continuando a dedicar-se à poesia, nunca publicada, salvo alguns versos lembrados em Conta-Corrente e, em 1939, escreve o seu primeiro romance "O Caminho Fica Longe". Licenciou-se em Filologia Clássica em 1940 e concluiu o Estágio no Liceu D.João III (1942), em Coimbra. Começa a leccionar em Faro e em 1944, passa a leccionar no Liceu de Bragança, publica "Onde Tudo Foi Morrendo" e escreve "Vagão "J" que, publicou em 1946. Após uma passagem pelo liceu de Évora, onde escreveu o mundialmente conhecido romance "Manhã Submersa" (1953), mais tarde adaptado ao cinema, fixa-se como docente em Lisboa, leccionando o resto da sua carreira no Liceu Camões. Foi autor de diversas obras entre elas "O Caminho Fica Longe" (1943), "Manhã Submersa" (1954), "Aparição" (1959) "Estrela Polar" (1962), "Do Impossível Repouso" (1995), entre muitas outras. A sua vasta obra, geralmente dividida em ficção (romance e conto), ensaio e diário, costuma ser agrupada em dois períodos literários: o Neorrealismo e o Existencialismo. A 3 de setembro de 1979, foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. Em 4 de fevereiro de 1989, foi agraciado com o grau de Grã-Cruz da Ordem do Mérito. Já em 1992 foi eleito para a Academia das Ciências de Lisboa e no mesmo ano recebeu, pelo conjunto da obra, o "Prémio Camões", o mais importante prémio literário dos países da língua portuguesa. 



1924 - Morre Joaquim Teófilo Fernandes Braga (Ponta Delgada, Açores, Portugal, 24 de fevereiro de 1843 - Lisboa, Portugal, 28 de janeiro de 1924), aos 80 anos. Foi escritor, político, filólogo, professor, militante Republicano. Aos 10 anos é matriculado na instrução primária, que adoptou o nome Teófilo. Tentando ser independente, tornou-se aprendiz de tipógrafo e, em 1859, publicou o seu livro de estreia, “Folhas Verdes”. Frequentou o Liceu de Ponta Delgada e em 1861 partiu para Coimbra, cidade em cujo Liceu concluiu o ensino secundário e ingressou na Universidade de Coimbra para estudar Direito. Na universidade, relacionou-se com alguns dos membros da futura Geração de 70, entre os quais Antero de Quental, envolvendo-se nas manifestações de crítica ao academismo e colaborando em revistas como "O Instituto", "Revista de Coimbra", "Revista Contemporânea de Portugal e Brasil" e "A Grinalda". Em 1864, publicou os livros de poemas "Visão dos Tempos e Tempestades Sonoras”. Licenciado e Doutor em Direito pela Universidade de Coimbra, fixa-se em Lisboa em 1872, onde lecciona literatura no Curso Superior de Letras (actual Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa). Em 1890 foi pela primeira vez eleito membro do directório do Partido Republicano Português. Logo após a proclamação da República, em 1910, foi escolhido para presidente do Governo provisório. Em 1915, exerceu as funções de Presidente da República interino. Depois de ter presidido ao Governo Provisório da República Portuguesa, a sua carreira política terminou após exercer fugazmente o cargo de Presidente da República, em substituição de Manuel de Arriaga, entre 29 de maio e 5 de outubro de 1915. A vasta obra de Teófilo Braga abrange vastas áreas, da poesia e da ficção à filosofia, à história da cultura e à historiografia crítico-literária, e excede os 360 títulos, não contando com os artigos dispersos pela imprensa da época.

1975 - A assembleia do MFA sanciona a unicidade sindical, em Portugal. O Estado Maior do Exército emite uma nova circular que reforça e esclarece os termos em que deve prosseguir a reestruturação do MFA.

1983 - Morre o cineasta português Eduardo Chianca de Garcia (Lisboa, Portugal, 14 de maio de 1898 - Rio de Janeiro, Brasil, 28 de janeiro de 1983), aos 85 anos. Foi um dramaturgo, jornalista e cineasta português dos século XX. No teatro fez a sua estreia com a peça "A Filha de Lázaro" em 1923 no Teatro Politeama. Colaborou em diversos jornais e revistas com crónicas de história e fundou a revista de cinema ImagemChianca de Garcia realizou o seu primeiro filme intitulado “Ver e Amar”, uma película muda cómica que se estreou em Lisboa no Teatro de São Luiz. Foi um dos fundadores da Tóbis Portuguesa em 1932, supervisionou os filmes "A Canção de Lisboa" (1933) e foi o director de produção do filme "As Pupilas do Senhor Reitor" (1935). Escreveu com Tomás Ribeiro Colaço em 1937 a peça de Revista “Água Vai!”, que se estreou no Teatro da Trindade. Em 1939, partiu para o Brasil, onde prosseguiu a sua carreira de realizador e jornalista. Foi um dos pioneiros da televisão brasileira, para além de ter sido director artístico do prestigiado Casino da Urca no Rio de Janeiro. Ainda no Brasil realizou um filme com os momentos da cerimónia de inauguração da cidade de Brasília. Na sua filmografia, merecem igualmente referência os filmes "O Trevo das Quatro Folhas" (1936), "A Rosa do Adro" (1938), "A Aldeia da Roupa Branca" (1938), "Pureza" (1940) e "Vinte e Quatro Horas de Sonho" (1941), os dois últimos realizados no Brasil. Foi também argumentista, cabendo-lhe a autoria do guião de "Appassionata" (1952), e realizador televisivo, tendo dirigido a telenovela "Coração Delator" (1953) para a extinta TV Tupi.



1988 - É aprovada na Assembleia da República, a lei que permite a reprivatização das empresas públicas de comunicação social.

1990 - A atleta portuguesa Rosa Mota, campeã olímpica, vence a maratona de Osaka, no Japão.

1995 - Torres Couto abandona a liderança da UGT sucedendo-lhe João Proença.



2000 - O Orçamento do Estado português sobe, em 20 % o investimento científico.

2003 - O Conselho Superior de Magistratura sugere a introdução de "uma indemnização punitiva, no caso de violação de direitos de personalidade, cometida através de televisão".

2004 - Os Prémios P. E. N. Clube Português de Ficção, Poesia, Ensaio e Primeira Obra são entregues a, respectivamente, Mafalda Ivo Cruz ("O Rapaz de Botticelli"), João Rui de Sousa ("Obra Poética"), Rui Estrada ("O Céu Aberto do Senso Comum") e Frederico Lourenço ("Pode um Desejo Imenso").
 
 
 
2008 - Parte da frente ribeirinha de Lisboa passa a estar sob a gestão camarária, nos termos de um protocolo assinado entre o Governo e a autarquia. Aquelas áreas ribeirinhas não ficarão sujeitas à especulação imobiliária, permanecendo no domínio público.



2008 - Um caça F-16 da Força Aérea Portuguesa despenha-se próximo da Base Aérea de Monte Real quando realizava o primeiro voo de ensaio depois de ter sido submetido a uma grande operação de manutenção e não causou quaisquer vítimas.

2008 - A Linha do Tua reabre em toda a extensão, quase um ano depois do acidente em que morreram três ferroviários.







 

No Mundo
  
1547 - Há 470 anos, morre o rei Henrique VIII de Inglaterra (Greenwich, Inglaterra, 28 de junho de 1491 - Whitehall, Inglaterra, 28 de janeiro de 1547), aos 55 anos. Foi o Rei da Inglaterra de 1509 até sua à morte, e também Senhor e depois Rei da Irlanda. Em 1493, aos dois anos de idade, Henrique foi nomeado Condestável do Castelo de Dover e Lorde Guardião dos Cinco Portos. Foi nomeado Conde Marechal da Inglaterra e Lorde-Tenente da Irlanda com três anos. Henrique recebeu uma educação de primeira qualidade de grandes tutores, tornando-se fluente em latim e francês, além de saber um pouco de italiano. Foi o primeiro rei inglês com educação humanista moderna. É recordado pelos seus sucessivos casamentos. As suas seis mulheres foram: Catarina de Aragão (mãe da rainha Maria I), Ana Bolena (mãe da rainha Isabel I), que mandou executar, Jane Seymour (mãe do seu sucessor, Henrique VI), Ana de Cleves, Catherine Howard, também executada, e Catherine Parr. Henrique VIII foi o fundador da Igreja Anglicana. As suas lutas contra Roma conduziram à recusa da autoridade papal da igreja inglesa, à Dissolução dos Mosteiros e à sua auto-proclamação como Chefe Supremo da Igreja de Inglaterra. A criação da Igreja de Inglaterra foi a solução encontrada para a recusa do Papa em declarar a anulação do casamento do rei com Catarina de Aragão. Henrique VIII declarou a independência da Igreja nacional e autoproclamou-se seu líder. Ainda assim, continuou a acreditar nos principais ensinamentos católicos mesmo após a sua excomunhão. Henrique VIII realizou a união legal da Inglaterra e Gales e os Actos das Leis em Gales de 1535 e 1542. Foi um rei que cultivava a imagem de um homem renascentista de grande cultura, com a sua corte sendo o centro de escolaridade, inovação artística e glamourosos excessos. Após a sua morte sucede-lhe ao trono no mesmo dia, o seu filho Eduardo VI.



1808 - Durante as invasões francesas, por carta régia promulgada pelo Príncipe-regente de Portugal D. João de Bragança, os portos do Brasil abrem-se ao comércio internacional com as nações amigas de Portugal, do que se beneficiou largamente o comércio britânico. Foi a primeira experiência liberal do mundo após a Revolução Industrial.

1887 - Há 130 anos, começava a construção da Torre Eiffel, em Paris, no local da Exposição Universal de 1890.



1887 - Há 130 anos nascia Arthur Rubinstein (Lodz, Polónia, 28 de janeiro de 1887 - Genebra, Suíça, 20 de dezembro de 1982). Virá a ser um pianista polaco de origem judaica, mais tarde naturalizado como cidadão norte americano. Arthur Rubinstein começou a estudar piano com apenas três anos de idade e, aos oito anos, ingressou no Conservatório de Varsóvia. Um ano depois tornou-se aluno de Heinrich Barth, em Berlim. Aos treze anos, fez a sua estreia europeia, em Berlim e, em 1906, foi acompanhado pela Philadelphia Orchestra, no Carnegie Hall, nos Estados Unidos da América, onde obteve um enorme sucesso. Em 1916 visita a Espanha, onde interpreta composições de Granados e Manuel de Falla. O resto da carreira de Arthur Rubinstein foi marcado por um crescente renome artístico, através de um vasto repertório que incluía composições de Beethoven, Mozart, Albéniz, Ravel, Stravinsky e Chopin. Nos anos da Segunda Guerra Mundial muda-se para os Estados Unidos e em 1946 obtém cidadania americana. Arthur Rubinstein apresentou-se em muitos países, nas Américas, Europa, África, Ásia e Oceania, e tornou-se uma celebridade. Ficou conhecido como um espirituoso extrovertido e como um irresistível contador de anedotas, mas, acima de tudo, foi um músico sério. Fez mais de duzentas gravações, considerado um dos melhores pianistas virtuosos dos século XX, foi aclamado internacionalmente pelas suas performances. Foram-lhe atribuídos diversos prémios em vários países do mundo ao longo da sua carreira, incluindo 3 Grammy's. A 31 de maio de 1958, foi agraciado com o grau de Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, de Portugal, tendo sido elevado ao grau de Grande-Oficial da mesma Ordem a 9 de maio de 1972. Em 1976, foi premiado e com a Medalha da Liberdade dos Estados Unidos. A sua última actuação pública deu-se em 1976, aos 89 anos, na sala de espectáculos londrina Wigmore Hall, onde tocara pela primeira vez quase 70 anos antes. No final da sua vida escreveu uma autobiografia em dois volumes, “My Young Years” (1973) e “My Many Years” (1980).

1909 - Termina o controle norte-americano de Cuba.

1915 - O presidente norte americano Woodrow Wilson veta a Lei da Imigração.



1930 - Em Espanha é o fim da ditadura de Primo de Rivera e o general Damaso Berenguer constitui novo governo.
 
1932 - Os japoneses ocupam Xangai e atacam, dando origem a um conflito que durou até maio de 1932 entre a República da China e o exercito do Império Japonês. Ficou também conhecido como o incidente de Xangai.
 
1939 - A Bulgária exige a revisão do Tratado de Neuilly e a reintegração das regiões perdidas no fim da Grande Guerra de 1914-18.



1945 - Durante a II Guerra Mundial, o primeiro comboio norte-americano de abastecimentos atravessa a estrada de Burma.

1949 - Criação do Conselho da Europa com sede em Estrasburgo. A criação deste conselho surge na sequência do Congresso de Haia.
 
1958 - O dinamarquês Godtfred Kirk Christiansen,  filho do carpinteiro Ole Kristiansen, cria a patente das peças LEGO, com as quais se podem fazer infinitas montagens.

 
 
1979 - Primeira visita a Washington de um dirigente da China, o vice-primeiro-ministro Deng Xiao-Ping.
 
1980 - Abolhassan Bani-Sadr é eleito primeiro presidente da República Islâmica do Irão.

1985 - É gravado o tema "We ara the world" composta por Michael Jackson e Lionel Richie para a campanha de solidariedade USA for Africa, nos A&M Studios em Hollywood, Califórnia.



1986 - A nave espacial vaivém, Space Shuttle Challenger, explode no ar, matando os sete tripulantes, 73 segundos após o lançamento da missão STS-51-L.



1989 - A ocupação de Timor-Leste, foi condenada na assembleia paritária da ACP/CEE, em Bridgetown.

1991 - Corrupção no futebol francês leva à suspensão, por um ano, de Bernard Tapié, presidente do Olympique de Marselha e "patrão" da Adidas.

1993 - Agitação e pilhagem no Zaire, provocam centenas de mortos, a partida de dois mil estrangeiros e a morte do embaixador de França naquele país.



1996 - Morre Iosif Aleksandrovich Brodsky (Leningrado, URSS, 24 de maio de 1940 - Nova Iorque, EUA, 28 de janeiro de 1996), aos 55 anos. Foi um escritor e professor universitário de origem russa, naturalizado norte americano. Joseph Brodsky como jovem estudante era "uma criança rebelde", conhecido pelo seu mau comportamento durante as aulas. Aos quinze anos deixou a escola e passou a trabalhar como operador de máquinas de moagem. Mais tarde, decidiu tornar-se médico, e trabalhou na prisão de Kresty. Em seguida, ele realizou uma série de trabalhos em hospitais, na sala da caldeiras de um navio, e em expedições geológicas. Ao mesmo tempo, Joseph Brodsky, iniciou um programa de auto-formação, aprendeu polaco, para que pudesse traduzir as obras de poetas polacos como Czesław Miłosz e inglês para que pudesse traduzir John Donne. Com o tempo adquiriu um profundo interesse pela filosofia clássica, religião, mitologia, poesia inglesa e norte-americana. Joseph Brodsky entrou em conflito com as autoridades soviéticas e foi expulso da União Soviética em 1972, estabelecendo-se nos Estados Unidos com a ajuda de W. H. Auden e de outros escritores. Leccionou, posteriormente em universidades, incluindo a de Yale, Cambridge e Michigan.  Foi autor de diversas colectâneas de poesia, ensaios, entrevistas e de peças de teatro.  É agraciado com o Nobel de Literatura de 1987.

1997 - A Câmara de Deputados do Brasil aprova a emenda constitucional que permite a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso.

2002 - Morre Astrid Anna Emilia Lindgren (Vimmerby, Suécia, 14 de novembro de 1907 - Vimmerby, Suécia, 28 de janeiro de 2002) aos 94 anos. Foi escritora de literatura infantil, com livros traduzidos em 85 idiomas em mais de 100 países. Filha de agricultores, pôde crescer na liberdade da quinta dos pais, que mantinham o costume de contar histórias aos quatro filhos, encorajando possíveis esforços literários. Aos dezoito anos de idade engravidou e, face à reacção da família, optou por se mudar para Estocolmo. Fez estudos técnico-profissionais para poder vir a tornar-se administrativa, tendo conseguido uma colocação no Real Automóvel Clube da Suécia. Em 1944, aos trinta e sete anos de idade, começou a escrever algumas das histórias da sua infância, e assim, no ano seguinte, publicou o primeiro livro da “Pipi das Meias Altas”, no seu título original “Pippi Långstrump” (1945). Astrid Lindgren continuou a série, tendo-se tornado coordenadora de edições infanto-juvenis na editora que publicava os seus próprios livros, posição que ocupou entre 1946 e 1970. Publicou mais de uma centena de livros. Publicou mais de uma centena de livros. De entre vários prémios que recebeu ao longo da sua carreira destaque para o Prémio Hans Christian Anderson de 1958. Na década de 60 Astrid Lindgren protestou contra a Guerra do Vietname e, em 1976, resolveu empreender uma campanha contra a injustiça nos impostos do governo sueco, quando chegou à conclusão que lhe eram cobrados cento e dois por cento dos seus rendimentos. Foi também a responsável pela aprovação de uma lei em 1988, em favor dos direitos dos animais, que ficou conhecida como Lex Astrid. O nome do micro-satélite sueco Astrid 1, lançado em 24 de janeiro de 1995, foi originalmente escolhido como um nome feminino sueco comum, mas em pouco tempo, ficou decidido que os instrumentos seriam baptizados com nomes de personagens dos livros de Astrid Lindgren. É eleita a personalidade mais popular do seu país em 1999. A colecção dos manuscritos originais de Astrid Lindgren na Kungliga Biblioteket, em Estocolmo, foi adicionada à lista de herança cultural da UNESCO em 2005.


 

2007 - O filme "Volver", do realizador espanhol Pedro Almodôvar, recebe o Prémio Goya para o Melhor Filme. O prémio Goya para a Melhor Intérprete Feminina vai para a actriz Penélope Cruz.
 


2007 - A longa-metragem norte-americana "Padre Nuestro", do realizador Christopher Zalla, conquista o Grande Prémio do Júri do Festival de Sundance, no Utah, considerado como a Meca do cinema independente.

2007 - Morre Karel Svoboda (Praga, Checoslováquia, atual República Checa, 19 de dezembro de 1938 - Praga, República Checa, 28 de janeiro de 2007), aos 68 anos. Foi compositor checo. Karel Svoboda começou a sua carreira de compositor popular depois de deixar o curso de medicina no terceiro ano da faculdade. Tornou-se membro da banda de rock "Mefisto" na década de 1950. Mais tarde escreveu para o teatro "Laterna Magica" em Praga e para muitos cantores checos. Em 1969 escreveu "Lady Carneval" para Karel Gott, um nome grande da música pop checa. Compôs várias bandas sonoras para o canal de TV alemão ZDF durante mais de 30 anos. Karel Svoboda foi compositor de bandas sonoras de algumas séries da década de 1970 que acompanharam o crescimento de uma geração de europeus. Alguns exemplos dessas séries são: "Vicky, o Viking", "A Abelha Maia" e "As Maravilhosas Aventuras de Nils". Karel Svoboda compôs bandas sonoras para quase 90 filmes e séries televisivas.

2008 - Morre Christodoulos (Xanthi, Grécia, 17 de janeiro de 1939 - Atenas, Grécia, 28 de janeiro de 2008), aos 69 anos. Foi arcebispo ortodoxo de Atenas e primaz de toda a Grécia desde 1998 até 2008. Christodoulos frequentou o ensino médio no Liceu Marista Católico Romano Leonteion de Atenas. Optou por seguir a área de direito na Universidade de Atenas que conclui em 1962, depois de ter sido ordenado diácono na Igreja Ortodoxa em 1961. Frequentou uma escola de pós-graduação em teologia na Universidade de Atenas. Christodoulos foi ordenado sacerdote em 1965 e formou-se na Escola de Teologia em 1967. Trabalhou como pároco em Palaio Faliro, um subúrbio de Atenas, entre 1965 e 1974. Durante esse tempo, ele também se tornou secretário-chefe do Santo Sínodo de a Igreja da Grécia. Em 1974, foi eleito bispo de Demetrias em Volos, Tessália, cargo que ocupou até sua eleição como arcebispo de Atenas em 1998. Christodoulos sucedeu ao Arcebispo Serafim na sede do Prelado da Igreja Grega em 1998 e aos 59 anos de idade, ele era o mais jovem Arcebispo a chefiar a Igreja Grega. Christodoulos era Doutor em Teologia, graduado em francês e inglês, italiano e alemão. Foi autor de vários livros teológicos e recebeu doutorados honorários da Universidade de Craiova e da Universidade de Iasi. Devido ao facto de Christodoulos frequentar uma escola católica, ele sempre esteve aberto ao diálogo entre as igrejas ortodoxa e católica. Durante o seu pontificado incitou os fiéis a saírem à rua em protesto contra os bombardeamentos da NATO na Sérvia e contestou as "directivas de Bruxelas", que considerava como o centro de decisão contra os interesses gregos, manifestando-se ainda contra a adesão da Turquia à União Europeia.









Texto:
Paulo Nogueira
 



segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

DO CALENDÁRIO JULIANO AO CALENDÁRIO GREGORIANO


 



Ano Novo Vida Nova! Estando ainda no início do novo ano e sendo época de mudança de calendário, vem a propósito perceber como evoluiu o calendário ao longo dos tempos, até ao que hoje conhecemos e pelo qual nos regemos. O homem desde a pré-história ficou deslumbrado pela sucessão dos dias e das noites assim como pelo desenrolar das fases da Lua. Terão sido estes fenómenos que conduziram às noções de dia e de mês. Já a noção de ano é menos evidente e terá sido só com o desenvolvimento da agricultura que os povos primitivos se aperceberam do ciclo das estações.
As pesquisas indicam que o primeiro calendário terá surgido na Mesopotâmia, por volta de 2700 a.C., provavelmente entre os sumérios (primeiros povos a habitar a Mesopotâmia), e foi aprimorado pelos caldeus (povo semita do sul da Mesopotâmia). O calendário possuía 12 meses lunares (entenda o sistema Sol-Terra-Lua), de 29 ou 30 dias, e serviu de base para o adoptado pelos judeus. Como cada mês começava na Lua nova, o ano tinha 354 dias, ficando desfasado em relação ao calendário solar. Para resolver o problema, os caldeus acrescentavam um mês a cada três anos. O primeiro calendário solar terá sido criado pelos egípcios, em meados do terceiro milénio antes de Cristo. São, portanto, o dia, o mês lunar ou lunação e o ano os períodos astronómicos naturais utilizados em qualquer calendário. Os calendários primitivos do velho Continente, de que a História tem uma informação concreta, são por isso o hebreu e o egípcio. Ambos tinham um ano civil de 360 dias, curto para representar o ciclo das estações, mas grande para corresponder ao chamado "ano lunar", que se define como um período de tempo igual a 12 lunações completas existentes no ano trópico, ainda desconhecido. Nos primitivos calendários romanos, por exemplo, o ano tinha 304 dias distribuídos por 10 meses. Os 4 primeiros tinham nomes próprios dedicados aos deuses da mitologia romana e provinham de tempos mais remotos, em que, provavelmente, se aplicaram às 4 estações. Os 6 restantes eram designados por números ordinais, indicativos da ordem que ocupavam no calendário. O designado calendário de Rómulo foi reformulado por Numa Pompílius (753 a. C. - 673 a. C.), homem sábio e religioso, segundo rei de Roma, o qual, seguindo o exemplo dos gregos, estabeleceu o ano de 12 meses dedicados aos principais deuses pagãos, mas introduzindo em primeiro lugar o mês de Januarius, dedicado a Jano, e em último lugar o mês de Februarius, dedicado a Februa, ao qual os romanos ofereciam sacrifícios para expiar as suas faltas de todo o ano. Este foi o motivo por que o mês de Februarius foi colocado no fim. Até o ano 46 a. C., vigorava em Roma um calendário dividido em 355 dias, distribuídos em 12 meses. Essa estrutura do ano civil sofria um sério desajuste ao longo do tempo. Assim as estações do ano passavam a ocorrer em datas diferentes, porque o calendário não correspondia ao ano solar. As calendas, no antigo calendário romano, eram o primeiro dia de cada mês quando ocorria a Lua Nova. Havia três dias fixos: as calendas, as nonas (quinto ou sétimo dia, de acordo com o mês) e idos (13.º ou 15.º dia, conforme o mês). Dos idos é que provém a expressão "nos idos de setembro", expressando uma data para a segunda metade do mês.


O dia, a noite e as estações do ano por Stuart Ritchie
(col. pess.)

 

O pôr do Sol e o nascer do dia, um mistério para o homem primitivo (foto Paulo Nogueira)



Sol sobre o Stonehenge, durante o solstício de inverno (arq. priv.)



Imagem do Deus sumério Sol, Shamash, representado numa parte de uma tabuleta Babilónica de Sippar,
datada de 870 a.C. (col. British Museum, Londres)



Antigo calendário egípcio no templo de Karnak (arq. priv.)




Calendários hebreu e egípcio (col. priv.)
 



 Numa Pompilius 753 a.C. - 673 a.C. (col. priv.)



 
Forma de representação do calendário de Rómulo em pedra,
designado de "varas", dos séculos III ou IV a.C.
(col. priv.)
 
 
 
Calendário agrícola romano de Rómulo talhado em pedra do séc. VI a. C.
 (col. Museo della Civilta Romana, Roma)
 
 


Inscrição e descrição do calendário romano de Rómulo
com a presença dos meses de Januarius e Februarius 
(arq. priv.)





No ano 46 a.C., o imperador Júlio César (100 a. C. - 44 a. C.), ditador da República Romana, na qualidade de pontífice máximo do Império, decidiu reformar o calendário para readequá-lo ao tempo natural. Nesse ano Júlio César, percebendo que as festas romanas marcadas para março (que era então o primeiro mês do ano), estavam a ocorrer em pleno Inverno, também pela falta da introdução de meses intercalares nos últimos 10 anos, preparou uma profunda reforma do calendário, seguindo de forma prática o modelo do calendário egípcio, com o conselho do astrónomo grego Alexandrino Sosígenes, da escola de Alexandria. Este foi chamado para que examinasse a situação e o aconselhasse nas medidas que deveriam ser adoptadas. Estudando o problema, Alexandrino Sosígenes observou que o calendário romano estava adiantado de 67 dias em relação ao ano natural ou ciclo das estações. Para desfazer essa diferença, Júlio César ordenou que naquele ano (708 de Roma, ou 46 a.C.), além do Mercedonius de 23 dias que correspondia intercalar naquele ano, fossem adicionados mais dois meses, um de 33 dias, outro de 34 dias, entre os meses de November e December. Resultou assim um ano civil de 445 dias, o maior de todos os tempos, único na história do calendário e conhecido pelo nome de Ano da confusão, pois, devido à grande extensão dos domínios de Roma e à lentidão dos meios de comunicação de então, nalgumas regiões a ordem foi recebida com tal atraso que já havia começado um novo ano. Foi então abolido o calendário lunar dos decênviros e adoptou-se o calendário solar, ficando conhecido por Juliano, de Júlio César, começando a vigorar no ano 709 de Roma (45 a.C.), mediante um sistema que devia desenrolar-se por ciclos de quatro anos, com três comuns de 365 dias e um bissexto de 366 dias, a fim de compensar as quase seis horas que havia de diferença para o ano trópico. Suprimiu-se o Mercedonius e Februarius passou a ser o segundo mês do ano. Consequentemente, os restantes meses atrasaram uma posição, além da que já haviam atrasado na primeira reforma do calendário romano anterior designado de Rómulo reformulado por Numa Pompílio, com a consequente falta de sentido dos meses com designação ordinal. O valor médio do ano passou a ser de 365,25 dias e o equinócio da primavera deveria ocorrer por volta de 25 de março. A reforma juliana melhorou a situação, mas a desfasamento entre o ano do calendário e o ano natural permanecia, em consequência do movimento de elipse que a Terra faz ao redor do Sol. O calendário Juliano sofreu algumas modificações ainda mais em 8 d.C., pelo imperador Augusto (63 a.C. - 14 d. C.), e os nomes dos meses sofreram ainda várias mudanças ao longo do Império Romano. No século XV, por exemplo, o calendário Juliano já estava atrasado cerca de uma semana em relação ao Sol. O equinócio da primavera no Hemisfério Norte caía por volta de 12 de março, em vez do dia 21. Como já referido os nomes dos meses foram dedicados aos deuses pagãos romanos, e que foram conservados em outros idiomas até à actualidade, assim:


- Janeiro: Jano, deus romano de duas faces, considerado Deus das portas, um "porteiro celestial", das passagens, inícios e fins. Daí justamente a entrada e início do ano.


- Fevereiro: Fébruo, deus etrusco da morte; Februarius (mensis), "Mês da purificação" em latim, parece ser uma palavra de origem Sabina (tibo da região da Península Itálica) e o último mês do calendário romano anterior a 45 a. C.. Relacionado com a palavra "febre".


- Março: Marte, Deus romano da guerra. Neste mês começa a primavera no Hemisfério Norte, que era considerada uma óptima época para iniciar campanhas militares.


- Abril: O seu nome deriva do latim April, que significa abrir, numa referência à germinação das culturas. Outra hipótese sugere que seja derivado de Apro, o nome etrusco de Vénus, deusa do amor e da paixão. Além de ser o único mês que termina com "L" ao invés de "O"


- Maio: Maia Maiestas e Flora, deusas romanas que acreditavam ser responsáveis pela primavera e o crescimento das flores.


- Junho: Juno, deusa romana, esposa do Deus Júpiter. Considerada a protectora da família e dos partos. Também pode ter derivado do clã romano junius.


- Julho: Julius Caesar, (Júlio César), general romano. O mês era anteriormente chamado Quíncio, ou quintilius, o quinto mês do calendário de Rómulo. Séculos depois foi rebaptizado em homenagem ao imperador Julius Caesar que tinha sido assassinado.


- Agosto: Augustus, (Augusto), primeiro imperador romano. O mês era anteriormente chamado Sêxtil ou sextilis, o sexto mês do calendário de Rómulo. Também foi rebaptizado em homenagem ao imperador Augustus.


- Setembro: Septem, "sete" em latim; o sétimo mês do calendário de Rómulo.
Mantido nos calendários posteriores.


- Outubro: Octo, "oito" em latim; o oitavo mês do calendário de Rómulo. Mantido nos calendários posteriores.


- Novembro: Novem, "nove" em latim; o nono mês do calendário de Rómulo. Mantido nos calendários posteriores.


- Dezembro: Decem, "dez" em latim; o décimo mês do calendário de Rómulo. Mantido nos calendários posteriores.



Também os dias da semana merecem uma especial referência, nomeadamente na língua portuguesa, devido à liturgia católica por iniciativa de Martinho de Dume (518 d.C. - 579 d.C.), bispo de Braga e de Dume, que denominava os dias da semana da Páscoa com dias santos em que não se deveria trabalhar, originando os nomes litúrgicos. E considerando como indigno de bons cristãos que se continuasse a designar os dias da semana pelos nomes latinos pagãos de Lunae dies, Martis dies, Mercurii dies, Jovis dies, Veneris dies, Saturni dies e Solis dies, foi o primeiro a usar a terminologia eclesiástica Feria ou Feira (dia santo ou feriado), para os designar por (Feria secunda, Feria tertia, Feria quarta, Feria quinta, Feria sexta, Sabbatum, Dominica Dies), donde surge nos modernos dias na língua portuguesa (segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, quinta-feira, sexta-feira, sábado e domingo), caso único entre as línguas novilatinas, dado ter sido a única a substituir inteiramente a terminologia pagã pela terminologia cristã. Isto porque até o século XV em Portugal, era falado um português arcaico, usando-se nomes de origem pagã. Tais nomenclaturas não chegaram a fazer parte da língua portuguesa. Observa-se a semelhança dessa espécie de "português arcaico" com outras línguas novilatinas e também identificação semântica com algumas línguas germânicas. Na nomenclatura pagã, como já referido, cada dia era dedicado a um astro ou a um Deus que variava de acordo com a mitologia local de cada cultura e que foram conservados em outros idiomas até à actualidade, assim:


- Segunda-feira: Dia da Lua. Logo depois do Sol e sempre no céu, era a Lua a impressão mais forte recebida pelo homem. Influía nas marés, no plantio, no corte das madeiras, talvez mesmo no nascimento das crianças segundo alguns. Daí a atribuir-lhe um dia da semana.


- Terça-feira: Dia de Marte. Na escala dos poderes que governavam os céus, as trevas e os seres humanos, Marte pontificava. Era considerado o senhor da guerra e, portanto, dos destinos dos povos a das nações. A sua influência era tão grande que, inclusive, no calendário romano lhe foi destinado um mês (Março).


- Quarta-feira: Dia de Mercúrio. Era considerado o Deus do comércio, dos viajantes e até dos ... ladrões! Mensageiro e arauto de Júpiter, protegia os comerciantes e os seus negócios, dada a importância que estas criaturas tiveram em todos os tempos e em todos os lugares, alcançaram para o seu Deus a consagração de um dia da semana.


- Quinta-feira: Dia de Júpiter. Honra conferida ao pai dos deuses pagãos, comandante dos ventos e das tempestades. Daí a ideia de lhe atribuir um dia da semana, talvez para acalmar a sua fúria.


- Sexta-feira: Dia de Vénus. Nascida da espuma do mar para distribuir belezas pelo mundo, a deusa Vénus representava para os pagãos os ideais da formosura, da harmonia e do amor. Daí a razão de merecer a homenagem de um dia da semana.


- Sábado: Dia de Saturno. Saturno, Deus especialmente querido dos romanos, foi despojado, pelo uso e pelo tempo, da homenagem consistente em dar nome a um dia da semana. No Império Romano eram celebrados grandes festejos em sua honra as designadas Saturnais, realizadas em dezembro e que se prolongavam por vários dias. Mas a homenagem a Saturno, correspondente a um dia da semana, perdeu-se nas línguas latinas, em que se deu preferência ao termo hebraico Shabbath, que significa repouso, indicado na velha lei judaica como sendo o dia dedicado ao descanso e às orações. Mas a língua inglesa permaneceu fiei ao velho Saturno, chamando ainda ao seu sábado Saturday.


- Domingo: Dia do Senhor. Dia dedicado ao Sol, o astro-rei que era tudo para o homem primitivo. O Sol afastava as trevas, aquecia os corpos, amadurecia as colheitas. O Sol era como se simbolizasse Deus, daí a designação de Dia do Senhor entre os latinos.



Na Península Ibérica embora se usa-se o calendário Juliano desde a conquista pelo Império Romano, vigorou, desde o século V, a chamada "era de Espanha" ou Hispânica, Gótica, de Augusto ou de César, usada nos mais antigos documentos dos arquivos portugueses, sob as formas sub era ou in era. Começava no dia 1 de janeiro do ano 38 a. C., ano 716 da fundação de Roma, e comemorava a conquista definitiva da península pelos romanos e a introdução nela do calendário Juliano. Procede 38 anos ao ano de nascimento de Jesus Cristo. O primeiro da era cristã coincide com o ano 39 da era de Espanha. Para converter, pois, a era de Espanha ou de César à era Cristã é preciso tirar daquela 38 anos. Em Portugal, o rei de D. João I (1357 - 1433), no decreto Régio 22 de agosto do ano da Era Juliana de 1460, ordenou que daí em diante se passasse a usar o ano do nascimento de Jesus Cristo como ano do começo ou referência, substituindo assim a era de César. Assim, o dia a seguir ao decreto régio, deixaria de ser o 16 de agosto de 1460 da Era Juliana para ser o 16 de agosto de 1422 da Era de Cristo. Esta mudança já tinha sido efectuada em Aragão em 1350, Leão e Castela em 1383. O início da Era Cristã, usada pela maioria dos povos europeus ou que foram por estes colonizados, foi fixada em 25 de dezembro do ano do Nascimento de Jesus Cristo, ou seja o ano 753 da fundação de Roma. Em alguns documentos portugueses encontra-se também a era – anno a Passione – cujo ponto de partida é posterior 33 anos à era cristã. Até ao século XIV, o ano novo começava em 25 de março, dia em que se celebra a Anunciação à Virgem Maria e a Incarnação. Era ou estilo da Incarnação ou Anunciação. Foi também adoptada na Idade Média, algumas vezes, a era ou estilo da Páscoa, variável pela mobilidade desta festa. A Era ou estilo da circuncisão começava no dia 1 de janeiro. No entanto, nos séculos XIV, XV e XVI usaram-se, indiferentemente, as datas de 25 de dezembro ou de 1 de janeiro para começo do ano, embora esta última tivesse predominado. Contudo, o hábito de utilizar a era Juliana ou Hispânica persistiu durante décadas e ainda Gomes Eanes Zurara (1410 - 1474), a menciona na Crónica da Tomada de Ceuta, dando-lhe a data de 1453 (1415 DC). O calendário romano Juliano, perdurou durante todo o período da Idade Média. Servindo como um mapa do ano para a igreja Católica durante esse período. Enquanto seguia o método do calendário romano na determinação das datas, também enumerava os dias dos santos assim como outras festas religiosas e registava as fases da Lua. Muitos calendários também incluíam ilustrações relacionadas aos santos, festas, trabalhos mensais agrícolas, actividades de lazer e sinais do Zodíaco. Neste contexto surgem os famosos calendários agrícolas descrevendo as actividades referentes a cada mês do ano.

  
Júlio César 100 a. C. - 44 a. C., imperador romano
(col. Museus da História da Arte de Viena, Áustria)
 
 
 
Representação de festas romanas pagãs do mês de março (col. priv.)
 
 
 
 
Calendário Juliano talhado em pedra do séc. I d. C. em Veroli, Itália
(arq. priv.)

 
 
Mosaico representando um calendário agrícola Juliano da casa de Thysdrus,
da primeira metade do séc. III d.C.
(col. Museu de Arqueologia de Sousse, Tunísia)

 
 
 
Fragmento de calendário romano Juliano de  Verrius Flaccus proveniente da Palestina do séc. VI d. C.
(col. Museu Nacional de Roma)

 
 
 
Calendário Juliano
 



Representação simbólica pagã dos meses do ano (arq. priv.)




                                                   
                                                         Calendário Juliano e seu significado


 


Representação simbólica pagã dos dias da semana (arq. priv.)





Primeira referência escrita conhecida referente à Segunda-feira, datada de 618 d. C.  
( Igreja de São Vicente, Braga)

 
 
 
Rei D. João I de Portugal 1357 - 1433
(col. Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa)
 
 
 
 
Representação do calendário perpétuo Juliano do período medieval (col. pess.)
 
 
 
 
Calendário agrícola de um manuscrito de 1306 por Pietro de Crescenzi (col. priv.)



Calendário medieval Juliano do séc. XV com representação solar, do zodíaco e agrícola
 (col. Biblioteca de Berlim)

 
 
Calendário medieval inglês Juliano de 1425 representando os dias, meses, fases da Lua, santos 
assim como prognostico e símbolo do mês (col. priv.)





Em 1545, o Concílio de Trento determinou a realização de alterações no calendário da Igreja. Para isso reuniram um grupo de especialistas, formando uma comissão de reforma, para estudar e corrigir o calendário Juliano. A Comissão preparou um documento, o Compendium, em 1577, enviado no ano seguinte aos Príncipes e matemáticos para darem o seu parecer.
O objectivo da mudança era fazer regressar o equinócio da Primavera para o dia 21 de março e desfazer o erro de 10 dias existente na época. Neste grupo, constituído pelos melhores astrónomos e matemáticos da época, de entre eles teve um papel preponderante o célebre sábio e matemático, o padre jesuíta Christopher Clavius (1538 - 1612), que estudou matemática em Coimbra com o português Pedro Nunes (1502 - 1578). Após 5 anos de estudos e cálculos astronómicos, o papa Gregório XIII (1502 - 1585), instituiria o novo calendário em 1582, mediante a bula "Inter Gravissimas", a fim de adequar a data da Páscoa ao equinócio da primavera no Hemisfério Norte. É em homenagem a este papa, Gregório XIII, que o novo calendário foi chamado de Gregoriano. A bula pontifícia também determinava regras para impressão dos calendários, com o objectivo de que eles fossem mantidos íntegros e livres de falhas ou erros. Era proibido a todas as gráficas com ou sem intermediários, publicar ou imprimir, sem a autorização expressa da Santa Igreja Romana, o calendário ou o martirológico em conjunto ou separadamente, ou ainda de tirar proveito de qualquer forma a partir dele, sob pena de perda de contratos e de uma multa de 100 ducados de ouro a ser paga à Sé Apostólica. O não cumprimento desta lei punia ainda o infractor a pena de excomunhão, designada de latae sententiae e a outras tristezas, como consta na mesma bula. Oficialmente o primeiro dia deste novo calendário foi a 15 de outubro de 1582. Este ajuste implicou a supressão de 10 dias do mês de outubro daquele ano, ou seja, do dia 5 de outubro de 1582, quinta feira, saltou-se para o dia 15 de outubro, sexta feira. Além disso, os dias bissextos que caíssem nos anos centenários (aqueles terminados em 00, como 1700, por exemplo) passariam a ser ignorados, a menos que fossem divisíveis de modo exacto por 400 (como 1600 e 2000). Essa regra suprimia três anos bissextos a cada quatro séculos, deixando o calendário Gregoriano suficientemente preciso e eliminando o atraso de três dias a cada 400 anos, que ocorria no calendário Juliano. Apesar do ajuste nos anos bissextos, o ano do calendário Gregoriano ainda tem cerca de 26 segundos a mais que o período orbital da Terra. Esta falha, no entanto, só acumula um dia a mais a cada 3.323 anos. O calendário Gregoriano apresenta alguns defeitos, tanto sob o ponto de vista astronómico (estrutura interna), como no seu aspecto prático (estrutura externa). Por exemplo, o número de dias de cada mês é irregular (28 a 31 dias), para além disso a semana, adoptada quase universalmente como unidade laboral de tempo, não se encontra integrada nos meses e muitas vezes fica repartida por dois meses diferentes, prejudicando a distribuição racional do trabalho e dos salários. Outro problema é a mobilidade da data da Páscoa, que oscila entre os dias 22 de março e 25 de abril, perturbando a duração dos trimestres escolares e de numerosas outras actividades económicas e sociais. Por essa razão, vários investigadores pertencentes a várias igrejas ou organismos internacionais e mesmo privados se têm ocupado activamente da reforma do calendário.
 


Concílio de Trento, Congregação Geral por Elia Naurizio em 1633
(col. Museu Diocesano Tridentino, Trento)
 


Comissão de reforma do calendário Juliano pelo papa Gregório XIII em 1582
(Archivio di Stato di Siena, Collezione delle Tavolette di Biccherna)

 
 
Christopher Clavius 1538 - 1612 figura de destaque no estudo
do calendário Gregoriano (col. priv.)
 
 
 

Papa Gregório XIII 1502 - 1585 (col. priv.)



Bula papal "Inter Gravíssimas" reportada na obra
Calendarium Gregorianum Perpetuum  
de Christopher Clavius
(col. Biblioteca Nazionale Centrale di Firenze)
 
 

Documento informativo sobre a reforma Gregoriana do calendário Juliano
por Vincenzo Accolti em 1582 (col. priv.)
 
 
 
 
Correcção do calendário Juliano para o Gregoriano de 1582
(col. priv.)
 
 


Calendário Gregoriano de 1584 por Domenico Basa (col. priv.)




                                                              Calendário Gregoriano






Logo em 1582, países católicos como a Itália, a Espanha, Portugal e a Polónia adoptaram a mudança imediatamente para o novo calendário Gregoriano, assim como a porção católica dos Países Baixos.
Em Portugal, onde reinava Filipe I de Portugal, II de Espanha (1527 - 1598), foi ordenado saber que cinco localidades portuguesas serão das primeiras a ser informadas que o mês de outubro vai ser encurtado. No dia da publicação, o chanceler-mor do reino Simão Gonçalves Preto foi incumbido de afixar, de imediato, uma cópia da lei nas portas dos paços reais e da Câmara de Lisboa, informando: "E outros tais traslados se fixarão nas portas das cidades de Évora, Coimbra, e Porto, e da Vila de Santarém. E assim enviará logo com muita diligência os mais traslados que foram necessários passados pela dita maneira, aos corregedores das comarcas, ouvidores dos mestrados, e aos ouvidores das terras, mando que os publiquem nos lugares onde estiverem e nos mais das suas comarcas e ouvidorias para que a todos seja notório."
Na França, o rei Henrique III (1551 – 1589), decretou o ajuste no mesmo ano, mas só em dezembro. A adopção deste calendário pela Suécia em 1699, foi de tal forma problemática que até gerou o dia 30 de fevereiro. Os países de maioria protestante, porém, rejeitaram a alteração de calendário. As partes protestantes da Germânia, actual Alemanha assim como os Países Baixos, só adoptaram o novo calendário em 1700. A Grã-Bretanha, predominantemente anglicana, demorou mais, só o adoptando em 1752. O astrónomo Johannes Kepler (1571 - 1630), chegou a observar que esses países preferiram "ficar em desacordo com o Sol a ficar de acordo com o papa". Como curiosidade, em 1792, é criado o calendário Revolucionário Francês ou calendário Republicano, pela Convenção Nacional, durante o período revolucionário para simbolizar a quebra com a ordem antiga e o início de uma nova era na história da humanidade. O calendário tinha características marcadamente anticlericais e baseava-se no ciclo da natureza. Este calendário só vigorou de 22 de setembro de 1792 a 31 de dezembro de 1805, quando Napoleão Bonaparte (1769 - 1821), ordenou o restabelecimento do calendário Gregoriano, e também durante a Comuna de Paris, de 18 de março a 28 de maio de 1871. Foi retomado desde então o calendário Gregoriano até à actualidade. Os países ortodoxos adoptaram o calendário Gregoriano somente no início do século XX. A China aprovou-o em 1912, a Bulgária em 1916. Na Rússia, por exemplo, a recém-criada União Soviética implantou o novo calendário em 1918. É por isso que a chamada "Revolução de Outubro", de 1917, na verdade aconteceu em novembro, segundo o calendário Gregoriano. Na Europa, os últimos países que adoptaram o calendário Gregoriano foram a Roménia em 1919, a Grécia, em 1923, e a Turquia, em 1926. Antes, como parte do Império Otomano, seguia-se nessas regiões o calendário muçulmano, que tem base lunar. A adopção progressiva do calendário Gregoriano pelos diversos países, mesmo dentro do mundo cristão, provoca certa confusão na datação dos eventos históricos ocorridos entre os séculos XVI e XX. Alguns povos, no entanto, conservam em paralelo outros calendários para usos religiosos ou por questões de tradição. O ano de 2017 no calendário Gregoriano corresponde, por exemplo, ao ano de 2561 no calendário budista; a 5777–5778 no calendário hebraico; a 2073–2074 no calendário hindu Vikram Samvat; a 1939–1940 no calendário hindu Shaka Samvat; a 5118–5119 no calendário hindu Kali Yuga; a 1395–1396 no calendário iraniano ou Jalali e a 1438–1439 no calendário islâmico. Até hoje, as Igrejas ortodoxas do Oriente utilizam o calendário Juliano para determinar a data da Páscoa, que, por essa razão, quase nunca corresponde à data da Páscoa católica. Por uma questão prática, o calendário Gregoriano é hoje adoptado como convenção para demarcar o ano civil em praticamente todo o planeta. Essa unificação, que facilita o relacionamento entre os países, deve-se em grande parte à exportação histórica dos padrões europeus para o resto do mundo.

 Um Bom Ano!



Filipe I de Portugal e II de Espanha 1527 - 1598
(col. Museu do Prado, Madrid)
 
 

Primeira página da lei de Filipe I, rei de Portugal,
assinada em Lisboa a 20 de setembro de 1582
para a adopção do calendário Gregoriano
 (arq. Torre do Tombo, Lisboa)

 


À esquerda, o cabeçalho da lei assinada por Filipe I rei de Portugal, em 1582
e à direita o da lei assinada por Filipe II de Espanha em 1582
para a adopção do calendário Gregoriano em ambos os países
 (arq. Torre do Tombo, Lisboa)




Página do primeiro calendário Gregoriano
para o mês de outubro de 1592
(arq. priv.)


 

Páginas de almanaque sueco de 1712 com o calendário Gregoriano
e a referência ao dia 30 de fevereiro
 (col. priv.)




Calendário Revolucionário Francês ou Republicano de 1749
por Philibert-Louis Debucourt
(col. priv.)


Correspondências do calendário Revolucionário Francês ou Republicano  
com o calendário Gregoriano (col. priv.)
 



Três capas de edições do Kalendarium Gregorianum Perpetuum, ou Calendário Gregoriano Perpétuo,
Coimbra 1853, Cracóvia 1853 e Veneza 1852 (col. priv.)
 



Calendário Gregoriano de 1883 norte americano com publicidade
(col. pess.)
 


Calendário Gregoriano de 1896 inglês em forma de leque do período vitoriano (col. pess.)





Calendário hebraico do século XIX (col. priv.)





Calendário Gregoriano perpétuo em estanho de secretária
apresentando o dia 23 de janeiro
(col. pess.)




                                             Calendário Gregoriano português para 2017
 







Texto:
Paulo Nogueira





Fontes e bibliografia:
BOND, J.J., Handy Book of Rules and Tables for Verifying Dates within the Christian Era,Russell & Russell, a Division of Atheneum House Inc, 1966
SERRÃO, Joaquim, Veríssimo, HISTÓRIA DE PORTUGAL, vol. II Formação do Estado Moderno, [1415 - 1495]. Editorial Verbo, Lisboa, 1979
MOYER, G., Luigi Lilio and the Gregorian reform of the calendar, 1982
DUNCAN, D. E. Calendário: a epopeia da humanidade para determinar um ano verdadeiro e exato. Rio de Janeiro. Ediouro. 1999
MOTOMURA, Marina, Porque os dias da semana têm "feira" no nome?, Colec. Mundo Estranho, Abril Cultural, 2011
Origem e evolução do nosso calendário por Manuel Nunes Marque publicação on line